
A elevação dos juros básicos da economia de 14,75% para 15%
ao ano, na quarta-feira (18), recebeu críticas do setor produtivo. Para
entidades da indústria, do comércio e centrais sindicais, a alta prejudicará a
produção e o investimento.
Em nota, o presidente da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Ricardo Alban, classificou de “injustificável” a decisão do Comitê de
Política Monetária (Copom). Segundo ele, os juros altos vão sufocar a economia.
“Não lidávamos com um patamar tão alto desde 2006. A irracionalidade
dos juros e da carga tributária está sufocando a capacidade dos setores
produtivos, que já lidam com um cenário conturbado e possibilidade de aumento
de juros e custo de captação de crédito. É um contrassenso o Banco Central se
manifestar contra o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
enquanto decide aumentar a taxa de juros. Aonde se quer chegar?”, questionou
Alban.
Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), o Banco
Central poderia ter tomado outra decisão. “Havia espaço para estabilidade e até
mesmo para queda da taxa. Não há justificativas para uma taxa de juros neste
patamar”, ressaltou o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz, em
comunicado.
“O cenário atual demanda uma política macroeconômica muito
mais alinhada com o desenvolvimento macroeconômico doméstico, com estímulo à
produção e ao desenvolvimento. E apesar dos juros neste patamar, mesmo assim,
agentes econômicos ainda acreditam que o PIB vai crescer 2,2%. Se tivéssemos
uma taxa mais civilizada, inegavelmente, o crescimento brasileiro neste ano
seria muito maior”, acrescentou Queiroz.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) informou que a
decisão surpreendeu as expectativas de mercado. No entanto, ressaltou que o
núcleo da inflação, que exclui os preços mais voláteis, continua acima do teto
da meta anual, de 4,5% em 12 meses.
“Apesar da desaceleração gradual da atividade econômica
interna e da valorização do real, que tendem a diminuir a pressão sobre os
preços, a inflação subjacente, que pende a sinalizar a tendência do aumento de
preços, ao excluir os mais voláteis, se mantém muito acima da meta anual, num
contexto de expansão fiscal e expectativas inflacionárias ainda desancoradas,
justificando uma política monetária mais contracionista”, explicou o economista
Ulisses Ruiz de Gamboa, da ACSP.
A decisão do BC também foi mal recebida pelas centrais
sindicais. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o BC dificulta a vida
das famílias com a nova elevação da Selic e mantém o esquema que transfere
recursos dos consumidores, das empresas e do Estado para o setor financeiro.
Em nota, a Força Sindical, destacou que os juros altos são
um “veneno” para matar a produção e o comércio. “Juros altos são um convite à
especulação e proporcionam excelentes rendimentos ao setor bancário em
detrimento da indústria e comércio. Os trabalhadores estão convencidos que ao
permanecer a atual política de juros altos do Copom a tendência será de
aprofundamento do desemprego e da pobreza”, criticou o presidente da entidade,
Miguel Torres.
Fonte: Agência Brasil
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 20/06/2025